Um dia é do frango, outro do chester
Nada como um dia após o outro, principalmente se você é um alto executivo da Perdigão…
Até o início da década de 1990, a Perdigão era uma empresa fragilizada, desdenhada por seus concorrentes e sem apresentar crescimento significativo. Não tinha uma liderança muito bem organizada e não gerava grandes retornos para seus investidores.
A situação começou a mudar radicalmente quando Nildemar Secches assumiu a presidência em meados da década passada, convertendo a empresa numa grande potência, endireitando suas finanças e diversificando sua produção.
Em 2006, a Sadia finalmente acordou para o avanço da sua principal concorrente tentando abocanhá-la com uma manobra arriscada: uma oferta hostil pelas ações dela na Bolsa de Valores. A estratégia não deu certo e a Perdigão continuou seu crescimento forte e resolveu acelerar planos anteriormente considerados como menos estratégicos, principalmente fusões e aquisições.
A partir do susto de quase ser adquirida, a empresa agiu rapidamente de forma agressiva para dar uma arrancada triunfal e passar a Sadia em valor de mercado:
– Junho de 2007: adquire da Unilever as marcas de margarina Doriana, Delicata e Claybon;
– Outubro de 2007: adquire a Eleva, empresa de laticínios dona da marca Elegê;
– Novembro de 2007: adquire a totalidade das ações da Batávia, finalizando a operação que havia começado em 2006.
Com estes movimento, e ainda com outras aquisições de frigoríficos, a Perdigão atingiu R$ 13,4 bilhões em vendas brutas em 2008, ultrapassando com folga a Sadia, que registrou R$ 12,2 bilhões no mesmo período.
O que aconteceu para que essa façanha se tornasse possível? A Sadia cometeu diversos erros que a levaram a perder a liderança:
– Adotou uma administração voltada para ganhos no mercado financeiro, perdendo foco na operação. Isso levou a empresa a se arriscar consideravelmente em operações duvidosas que lhe custaram muito caro – como foi o caso de suas operações com derivativos que acabaram gerando prejuízo de mais de R$ 2 bilhões.
– Não soube fazer uma transição de uma administração familiar para uma profissional. Mesmo que os dirigentes atuais da Sadia não sejam mais integrantes das famílias controladoras, ainda é muito forte sua influência, contaminando as decisões.
– Não deu a devida atenção aos concorrentes quando estes ainda não representavam uma ameaça importante. Na década de 1990, a Sadia não considerava a Perdigão como um grande concorrente, o que fez com que ela não tomasse ações para combater seu avanço.
Depois de todas as trapalhadas, parece que o chester vai triunfar sobre o Lequetreque, o mascote da Sadia. Está perto de sair um acordo entre as duas concorrentes, segundo o portal do Estadão (leia aqui).
Pelo que foi publicado, a Perdigão deverá adquirir 70% da nova empresa, ficando os 30% restantes com a Sadia. Quem poderia imaginar que isso ocorreria? A fusão criará um gigante do setor com faturamento de mais de R$ 25 bilhões, com força internacional para rivalizar com a Tyson, que teve faturamento em 2008 de US$ 28 bilhões.
Pelo visto, a partir de agora o Lequetreque vai ter que aprender a falar: “Habemus, Chester. Perdigão est”.
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