Cafeterias investem em café de qualidade para se diferenciarem
O café de qualidade vem ganhando cada vez mais espaço nas cafeterias do país. Várias empresas estão investindo neste setor, com destaque para a norte-americana Starbucks, maior vendedora de cafés especiais do mundo. Com 12 lojas no Estado de São Paulo, a empresa tem como conceito criar um ambiente agradável para ser um terceiro lugar entre o trabalho e a casa do consumidor. A Starbucks vende diversos blends de café, que são misturas de grãos de tipos e países diferentes.
Além da Starbucks, a Nespresso, da Nestlé, também chegou ao Brasil trazendo um conceito mais refinado de tomar café, mas atualmente só possui três lojas no país: duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Além de vender o cafezinho na xícara, a Nespresso também vende as cafeteiras, sendo que a mais simples não sai por menos de R$ 1.000,00.
As cafeterias nacionais também estão brigando por este mercado. A rede Fran’s Café conta com mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil. Além dela, várias outras se destacam, como, por exemplo, as redes Café do Ponto, Octávio Café e Suplicy Cafés, em São Paulo, e 1889 República Café, em Curitiba.
Esta última criou uma ação interessante de marketing em julho de 2008 ao colocar 100 figurantes uniformizados com a camiseta da cafeteria e com cartazes para protestar pelo “direito de todos tomarem um café de qualidade”. Além dos figurantes, também estavam presentes personagens da proclamação da república que acabaram chamando a atenção dos passantes. Este tipo de ação ajuda a chamar a atenção dos clientes e a promover a venda do café de melhor qualidade, aumentando o ticket médio da compra. Além disso, também diferencia a cafeteria de suas concorrentes.
Veja o vídeo da ação da 1889 República Café
Pesquisa da ABIC e InterScience
Segundo estudo da TNS InterScience de novembro de 2007 encomendado pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), 34% dos entrevistados estariam dispostos a pagar mais caro por um café de qualidade. Este percentual chega a 49% se considerarmos somente as classes AB..
Outro dado interessante do estudo refere-se ao tipo de café consumido. A grande maioria (93%) consome café coado ou filtrado. Porém, o consumo de café expresso vem crescendo e atingiu 11% do total em 2007. O mesmo ocorreu com o de cappuccino, atingindo 8% no mesmo ano.
Um desafio constatado pela pesquisa é a necessidade de se explicar melhor aos consumidores brasileiros o que são os cafés especiais para que eles não sejam considerados como sofisticados, o que acaba restringindo seu consumo.
Portanto, existe um grande potencial ainda a ser explorado para a venda de cafés especiais, tanto nas classes AB quanto nas demais.
Oportunidades
Além de venderem cafés especiais como forma de diferenciação da concorrência, as cafeterias poderiam explorar outros pontos importantes para conquistarem os clientes:
– Ambiente: um espaço diferenciado, aconchegante e com serviços (como acesso a Internet, por exemplo) chama a atenção do cliente.
– Menu com informações: não basta colocar os cafés especiais no cardápio, é preciso agregar informações sobre os blends (misturas), sobre as diferenças entre cada um deles e até sobre sua história.
– Acompanhamento: como nenhuma cafeteria vive somente de café, é importante sugerir opções de acompanhamento, como chocolates, sanduíches ou outras bebidas (água e suco de frutas, por exemplo).
– Atividades de marketing: assim como foi feito pelo 1889 República Café, é importante criar ações que chamem a atenção dos consumidores e os façam consumir café fora de casa.
Mais café para todos
Em resumo, as cafeterias no Brasil estão cada vez mais agregando produtos novos e serviços para agradar seus consumidores. Não basta mais oferecer somente café expresso, é necessário envolver o cliente com a cultura do café (Octavio Café), explicar a ele os tipos existentes (Nespresso),atingi-lo com uma campanha de marketing interessante (1889 República Café), tudo dentro de uma ambiente agradável e acolhedor (Starbucks).
Estes fatores são essenciais para diferenciar uma cafeteria das demais, conseguir aumentar o ticket médio dos clientes e fidelizá-los, aumentando os lucros e vendendo mais café para todos.
Sobre o Autor
Antonio Pedro Alves é formado em administração pela FGV, com MBA em Marketing pela FIA-USP, além de diversas especializações, inclusive na HEC, na França. Atuou em diversas multinacionais, na venda direta, na indústria e no varejo, entre elas o Grupo Pão de Açúcar, Wal-Mart, Reckitt Benckiser e Avon. É executivo de marketing, palestrante e consultor.
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